Gordura no fígado: causas, sintomas e tratamentos

sintomas de gordura no fígado

A compreensão da gordura no fígado deixou de ser assunto técnico restrito a especialistas.

O problema atinge uma parte expressiva da população de forma silenciosa e, muitas vezes, sem sintomas nas fases iniciais.

Com isso em mente, é importante detalhar o que causa gordura no fígado, quais fatores aceleram sua progressão e quais estratégias ajudam a controlar o quadro.

O que é gordura no fígado?

A gordura do fígado, ou esteatose hepática, corresponde ao acúmulo anormal de lipídios dentro dos hepatócitos, as células que compõem o órgão.

Uma mínima quantidade de gordura armazenada é esperada e não causa prejuízo.

O problema começa quando o organismo passa a guardar quantidades acima do limite seguro.

Esse acúmulo ocorre quando a entrada de gordura no fígado supera sua capacidade do órgão de metabolizar, oxidar e liberar essas moléculas.

Estudos apontam que cerca de 35% da população mundial apresenta algum grau de esteatose hepática. No Brasil, o número aproxima-se de 30%.

É uma condição que acompanha o avanço do sedentarismo, das dietas hipercalóricas e da crescente prevalência de resistência à insulina.

A gordura do fígado pode permanecer estável por anos ou evoluir de maneira progressiva, dependendo do estilo de vida.

Diferença entre fígado gorduroso alcoólico e não alcoólico

O acúmulo de gordura no fígado pode ter origem no consumo excessivo de álcool ou em alterações metabólicas sem relação com bebidas alcoólicas. 

No quadro alcoólico, conhecido como esteatose hepática alcoólica, o etanol muda a forma como o fígado processa gorduras, favorecendo o acúmulo. 

Já a forma não alcoólica é mais comum e envolve resistência à insulina, excesso de peso, dietas ricas em calorias e fatores hormonais.

Em todo caso, ambas podem evoluir para inflamação e danos estruturais no fígado se não forem tratadas.

o que causa gordura no fígado

Quando a gordura no fígado é considerada perigosa?

O acúmulo torna-se preocupante quando ultrapassa 5% do volume hepático. 

Acima desse limite podem ocorrer inflamação, formação de fibrose, cirrose e, em casos avançados, maior risco de câncer de fígado. 

A evolução não acontece de forma súbita, por isso exige acompanhamento regular e mudanças na rotina.

Quais são os sintomas de gordura no fígado?

Os sintomas de gordura no fígado costumam ser discretos nas fases leves. 

A pessoa pode seguir com a rotina habitual sem perceber qualquer alteração de energia, apetite ou disposição. 

Quando sinais aparecem, podem se confundir com problemas digestivos ou cansaço cotidiano. 

Entre os principais sintomas de gordura no fígado, estão:

  • Desconforto abdominal na região superior direita;
  • Sensação de inchaço após refeições;
  • Fadiga persistente;
  • Náuseas ocasionais;
  • Dificuldade para perder peso;
  • Alterações nos exames de sangue, como aumento de enzimas hepáticas.

Sintomas de gordura no fígado avançada

Quando o quadro evolui, o organismo começa a demonstrar sintomas de gordura no fígado de formas evidentes.

Sendo assim, podem surgir:

Como diagnosticar a gordura no figado

O que causa gordura no fígado?

A formação da esteatose hepática ocorre a partir de um desequilíbrio na forma como o corpo metaboliza gordura. 

Quando há excesso de calorias vindas de carboidratos simples e gorduras, o fígado converte esse excedente em triglicerídeos e começa a armazená-los.

A resistência à insulina intensifica esse processo porque impede o uso adequado da glicose pelos tecidos, direcionando mais energia para o fígado. 

O resultado é um acúmulo progressivo de gordura, que pode desencadear complicações se não houver intervenção.

Principais fatores de risco

O desenvolvimento da condição costuma envolver uma combinação de hábitos, predisposições e circunstâncias metabólicas. 

Embora varie entre indivíduos, alguns elementos são reconhecidos pela literatura científica como marcadores importantes:

  • Alimentação inadequada: Excesso de calorias, consumo de produtos ultraprocessados, bebidas açucaradas e gorduras de baixa qualidade favorecem acúmulo hepático;
  • Sedentarismo: A baixa utilização de energia reduz a capacidade do organismo de oxidar gorduras, abrindo caminho para a esteatose; 
  • Resistência à insulina: Mecanismo importante no acúmulo de lipídios, interfere no uso de glicose e intensifica a lipogênese no fígado;
  • Obesidade: O excesso de tecido adiposo aumenta a liberação de ácidos graxos na circulação, pressionando o fígado a estocar gordura;
  • Consumo excessivo de álcool: Impacta o metabolismo hepático, reduz a capacidade de queima de gordura e promove inflamação;
  • Uso de medicamentos: Alguns corticosteroides, estrógenos presentes em certos anticoncepcionais, amiodarona, tamoxifeno e metotrexato, podem elevar o risco de esteatose hepática. 

Causas menos conhecidas que causam gordura no fígado

Além dos fatores clássicos, algumas situações menos comentadas também contribuem para a gordura no fígado.

Distúrbios hormonais, como hipotireoidismo e síndrome dos ovários policísticos, podem alterar a sensibilidade à insulina.

Mudanças bruscas de peso, cirurgias bariátricas sem pós-acompanhamento, deficiências nutricionais e predisposição genética também podem causar o problema. 

Em menor escala, infecções virais e alterações metabólicas raras estão envolvidas no surgimento do quadro.

Diagnóstico: como é feito?

O diagnóstico da gordura no fígado começa pela análise clínica e pela avaliação do histórico de hábitos.

Uma vez que os sintomas de gordura no fígado estão presentes, o profissional solicita exames laboratoriais para confirmar o quadro. 

O ultrassom abdominal é o mais utilizado neste contexto por ser acessível e capaz de identificar aumento no volume do fígado, além de mudanças na textura do órgão. 

Em casos que exigem maior precisão, a elastografia, tomografia e a ressonância magnética ajudam a avaliar a presença de fibrose e a extensão da gordura. 

Exames de sangue adicionais, como o TGO e o TGP, fornecem informações sobre as enzimas hepáticas e auxiliam na investigação de causas associadas.

Como tratar a gordura no fígado?

Primeiro, identifica-se a causa do acúmulo de gordura. Em seguida, define-se o plano terapêutico.

Este plano pode incluir o uso medicamentos quando há inflamação, resistência à insulina ou dislipidemia. 

O tratamento da gordura no fígado reúne intervenções médicas e nutricionais de qualidade, ajustes no estilo de vida e exames de acompanhamento. 

O manejo é individualizado, pois cada pessoa tem um conjunto de fatores que influenciam a evolução da doença, como resistência à insulina, uso de medicamentos ou condições associadas. 

Quanto mais cedo a gordura no fígado for identificada, melhor a chance de reversão.

Ainda assim, grande parte da reversão depende de medidas não medicamentosas, já que mudanças dietéticas corrigem diretamente os mecanismos que originam o problema. 

Tratamentos farmacológicos

Profissionais de saúde avaliam se há inflamação, fibrose ou fatores que aceleram a progressão.

Se houver, medicações para controle da resistência à insulina, colesterol ou triglicerídeos são indicadas. 

Os medicamentos empregados no tratamento da gordura do fígado não agem “limpando” o órgão. 

Eles atuam nos mecanismos que levam ao acúmulo de gordura.

A seleção depende do estágio da doença e das comorbidades presentes, e pode incluir:

  • Metformina: Melhora a sensibilidade à insulina e reduz a produção hepática de glicose;
  • Pioglitazona: Recomendada em casos de esteato-hepatite não alcoólica, pois reduz inflamação hepática;
  • Estatinas: Controlam o colesterol e reduzem o risco cardiovascular;
  • Fibratos como fenofibrato e bezafibrato: Usados quando triglicerídeos estão muito altos;
  • Vitamina E em altas doses: Utilizada em contextos específicos sob supervisão médica.

Mudanças no estilo de vida que aceleram a reversão

Alterações consistentes na alimentação formam a base da reversão da gordura do fígado. 

Quando o organismo recebe menos calorias do que gasta, o corpo passa a utilizar a gordura armazenada nos órgãos. 

Perdas moderadas de peso já produzem melhora na insulina, diminuem a circulação de gorduras e aliviam a sobrecarga hepática. 

A prática regular de exercícios complementa esse processo.

Os exercícios aumentam o gasto energético, favorecem o uso de glicose pelos músculos e reduzem a quantidade de lipídios disponíveis para serem desviados ao fígado.

A alimentação precisa acompanhar esse ajuste. 

Reduzir açúcares, carboidratos de absorção rápida e produtos ultraprocessados impede picos glicêmicos e melhora o controle metabólico. 

Ao mesmo tempo, priorizar proteínas magras, fibras e fontes de gordura boas cria um ambiente mais favorável à recuperação. 

Em situações em que o álcool contribui para o quadro, a interrupção completa é obrigatória.

O que evitar durante o tratamento?

O consumo frequente de bebidas açucaradas, álcool, alimentos ricos em gordura saturada e refeições muito calóricas interfere na recuperação. 

A automedicação também é desaconselhada, já que determinados fármacos e vitaminas podem sobrecarregar o fígado.

Gordura no fígado tem cura?

A reversão é possível na maioria dos casos. Especialmente quando o problema ainda não evoluiu para fibrose ou cirrose. 

A retirada dos fatores que originam o acúmulo, aliada a ajustes na alimentação e estilo de vida, permite que o fígado elimine gradualmente o excesso de gordura. 

A recuperação também depende do acompanhamento nutricional para garantir que as mudanças sejam sustentáveis.

Dieta para quem tem gordura no fígado

A alimentação para quem enfrenta gordura no fígado deve ser organizada com foco na estabilidade metabólica e redução do acúmulo hepático. 

A escolha de carboidratos complexos, proteínas magras e fibras ajuda a controlar a glicemia, diminuir a inflamação e facilitar a perda de peso. 

A base do cardápio costuma incluir frutas, legumes, verduras e proteínas magras, já que esses grupos trazem nutrientes sem elevar a carga calórica. 

A forma como as refeições são distribuídas também faz diferença, porque intervalos e porções ajustadas evitam os picos de glicose.

Uma alimentação bem conduzida reduz progressão da gordura no fígado, favorece reversão e ajuda a proteger o fígado a longo prazo. 

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Complicações da gordura no fígado não tratada

Na ausência de tratamento, as alterações metabólicas e inflamatórias podem se intensificar.

Isso compromete a recuperação do órgão e abre portas para condições mais sérias, como:

  • Risco de inflamação, conhecida como esteato-hepatite, que indica agressão ativa ao tecido hepático; 
  • Cicatrização e fibrose, resultado da tentativa do organismo de reparar danos contínuos;
  • Cirrose e aumento do risco de câncer de fígado, consequência final de lesões repetidas ao longo dos anos.

Prevenção: como evitar o retorno da gordura no fígado 

Manter o fígado saudável exige constância em escolhas diárias que envolvem alimentação, exercícios e acompanhamento nutricional. 

O retorno do quadro é comum quando hábitos antigos voltam a prevalecer, principalmente em pessoas com predisposição.

Portanto, esteja atento a:

  • Peso corporal: Perdas rápidas seguidas de reganho alteram o metabolismo e criam um terreno favorável ao retorno da esteatose;
  • Exercícios: A prática regular melhora a sensibilidade à insulina, aumenta o gasto energético e reduz a gordura disponível para ser armazenada no fígado;
  • Controle metabólico: Glicemia, colesterol e triglicerídeos precisam permanecer dentro de parâmetros seguros. Pequenas alterações nesses marcadores já sinalizam risco de retorno do acúmulo hepático;
  • Exames de acompanhamento: Avaliações periódicas permitem identificar tendências de piora antes que o fígado volte a acumular gordura de maneira. 

Conclusão

A gordura no fígado responde rapidamente quando o corpo recebe o que precisa. 

Pequenos ajustes feitos de forma contínua transformam o cenário que antes parecia difícil de controlar. 

Se você quer orientação prática, estruturada e adaptada à sua rotina, não espere o quadro avançar. 

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PERGUNTAS FREQUENTES

A gordura no fígado sempre causa sintomas?

Na maior parte das vezes, o quadro evolui em silêncio. Muitas pessoas só descobrem a alteração em exames de rotina.

Quem tem esteatose pode usar suplementos?

Alguns suplementos podem ter utilidade em casos específicos, como ômega 3 ou vitamina E, mas não substituem ajustes alimentares e supervisão profissional.

Quanto tempo leva para o fígado melhorar depois das mudanças?

Os resultados costumam aparecer ao longo dos primeiros meses, desde que haja constância. O tempo exato varia de pessoa para pessoa, conforme peso, rotina, aderência e presença de outros fatores metabólicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Cusi K, et al. American Association of Clinical Endocrinology clinical practice guideline for the diagnosis and management of nonalcoholic fatty liver disease in primary care and endocrinology clinical settings: Co-sponsored by the American Association for the Study of Liver Diseases (AASLD). Endocrine Practice. 2022.

Nonalcoholic fatty liver disease (NAFLD) and NASH. National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases. 2023.

Sheth SG, et al., eds. Epidemiology, clinical features, and diagnosis of nonalcoholic fatty liver disease in adults. 2023.

*Este conteúdo tem caráter apenas informativo e não substitui o diagnóstico ou tratamento de um médico ou nutricionista. As informações aqui apresentadas não devem ser aplicadas de forma individual sem orientação profissional.

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CONTEÚDO REVISADO POR:

Brenda Ferreira

NUTRICIONISTA | CRN5 - 25288

Nutricionista pós-graduada em Nutrição Clínica em Endocrinologia e Metabologia, Nutrição Esportiva e Fitoterapia Aplicada à Nutrição.