Quem começa um tratamento psiquiátrico está mais preocupado em ficar bem do que em saber se antidepressivo emagrece ou engorda.
Só que, conforme o tempo passa, esse detalhe vira um problema real.
Existe um desconforto em falar disso, como se colocar o corpo na equação fosse sinal de vaidade.
Mas o peso muda química cerebral, metabolismo e impacta a autoestima.
E a relação entre antidepressivo e composição corporal também afeta o sono, apetite, glicemia, intestino e adesão ao tratamento.
Se você está tomando antidepressivo e sente que algo no seu corpo não está indo bem, prossiga a leitura deste artigo!
Como agem os antidepressivos?
Antidepressivos são medicamentos usados no tratamento da depressão, desenvolvidos para regular a comunicação entre neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e dopamina.
Eles podem ser estimulantes ou sedativos, além de moduladores químicos que equilibram funções cerebrais ligadas ao humor, sono e apetite.
Existem várias classes, cada uma com um mecanismo específico.
Veja quais são elas:
- Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (SSRIs): Eles bloqueiam a reabsorção da serotonina. Essa ação está ligada à regulação do humor, mas também interfere em áreas que controlam a saciedade;
- Inibidores de Recaptação de Serotonina e Noradrenalina (SNRIs): A noradrenalina está associada à energia e ao metabolismo, o que pode aumentar o gasto calórico em algumas pessoas;
- Antidepressivos tricíclicos (TCAs): Têm ação mais ampla, afetando múltiplos neurotransmissores e receptores. Eles costumam causar aumento de peso devido ao efeito sedativo e à influência em receptores de histamina, ligados ao apetite;
- Os inibidores da monoamina oxidase (IMAOs): Menos usados hoje, bloqueiam a enzima monoamina oxidase que quebra neurotransmissores, elevando seus níveis. O impacto no peso varia, mas tende a ser menos previsível;
- Antidepressivos atípicos: Têm mecanismos únicos. A bupropiona, por exemplo, age sobre dopamina e noradrenalina, podendo suprimir o apetite.
A relação entre antidepressivos e peso está diretamente ligada à como cada fármaco interage com sistemas hormonais e metabólicos.
Algumas classes alteram a sensibilidade à insulina, outras modificam a produção de leptina (hormônio da saciedade) ou grelina (hormônio da fome).
Além disso, efeitos como retenção de líquidos podem ocorrer devido à ação em canais de sódio ou hormônios antidiuréticos.

O antidepressivo emagrece ou engorda?
Depende do tipo de antidepressivo, do organismo de cada pessoa e até da duração do tratamento.
O que muda o peso é o efeito do antidepressivo sobre hormônios, sono, saciedade e metabolismo.
É por isso que duas pessoas usando o mesmo remédio têm resultados opostos. Algumas perdem peso, outras ganham.
Os ISRS, por exemplo, aumentam a serotonina, e isso pode reduzir a compulsão e melhorar o controle alimentar.
Só que, com o tempo, a serotonina alta pode reduzir a dopamina, o que derruba a motivação.
Quando isso acontece, o apetite volta, a pessoa sente mais fome, come mais, e o peso sobe.
E aí a pergunta se repete: antidepressivo emagrece ou engorda?
Outro ponto crítico é o sono. Se o remédio atrapalha o sono profundo, o corpo produz menos leptina enquanto estimula a grelina.
E quando a grelina sobe, o apetite por carboidratos aumenta, junto com o acúmulo de gordura abdominal.
É assim que um antidepressivo começa a impactar o peso, sem mexer diretamente no metabolismo.
O antidepressivo também altera o eixo do estresse, deixando o corpo em estado de alerta constante.
Isso desequilibra os hormônios anabólicos e promove acúmulo de gordura visceral.
Fora isso, alguns antidepressivos aumentam a resistência à insulina, fazendo com que o corpo tenha dificuldade de usar a glicose como energia e passe a estocar mais gordura.
Qual antidepressivo engorda?
Quando o peso começa a subir sem explicação, vale olhar com atenção para o tipo de remédio que está sendo usado.
Alguns antidepressivos têm mecanismos que favorecem o ganho de peso por mexerem em receptores que estimulam a fome e diminuem o gasto calórico.
Eles alteram a ação da histamina, da acetilcolina e até da serotonina em áreas cerebrais ligadas ao apetite. Essas substâncias:
- Aumentam a vontade de comer à noite;
- Provocam retenção de líquidos;
- Em alguns casos, até reduzem a disposição pra atividade física;
- Reduzem a saciedade.
Mesmo que a alimentação não mude tanto, o metabolismo desacelera, o corpo começa a acumular gordura com mais facilidade e o peso sobe.
Qual classe aumenta o ganho de peso?
Entre os antidepressivos com maior associação ao ganho de peso estão os tricíclicos, como amitriptilina, nortriptilina, imipramina, clomipramina, desipramina e doxepina.
Eles atuam bloqueando receptores que regulam apetite e sono.
O resultado é fome constante, sono pesado, redução de energia e acúmulo de gordura abdominal.
Alguns ISRS também causam ganho de peso depois de meses de uso, especialmente quando aumentam a apatia.
Outra classe com forte relação com aumento de peso é a dos moduladores serotoninérgicos que atuam na histamina.
Esses estimulam o apetite diretamente e mexem com a leptina, o que leva à compulsão alimentar.
Também existem antidepressivos que, mesmo sem atuar no apetite, alteram hormônios como insulina, cortisol e hormônios tireoidianos.
Quando esses hormônios se desregulam, o metabolismo muda, o corpo acumula gordura e o paciente passa a ganhar peso.
O antidepressivo engorda porque interfere nesses processos, não só pela fome.
Quais antidepressivos engordam?
Entre os antidepressivos que engordam, estão:
- Amitriptilina;
- Nortriptilina;
- Voextor;
- Imipramina;
- Mirtazapina
- Paroxetina;
- Sertralina (em uso prolongado);
- Citalopram (em alguns casos);
- Trazodona;
- Doxepina;
- Clomipramina.

Qual antidepressivo emagrece?
Agora, a parte que muitos querem ouvir: tem antidepressivo que emagrece?
Sim, mas não é milagre.
Tem antidepressivo que ajuda a emagrecer porque mexem em áreas do cérebro ligadas à saciedade, diminuem a compulsão e aumentam a disposição física.
Não é que eles “queimam gordura”, mas mudam o comportamento alimentar. E, em alguns casos, também aceleram o metabolismo.
Uma parte importante disso envolve o sistema dopaminérgico.
Quando há um aumento de dopamina, a pessoa sente mais motivação, mais energia e menos necessidade de buscar prazer na comida.
Alguns antidepressivos reduzem o cortisol, e quando isso acontece, o corpo sai do estado crônico de alerta.
Menos estresse, menos retenção de líquido, menos estoque de gordura na região abdominal.
Existe também um efeito direto sobre o apetite.
Certas substâncias inibem a fome noturna, diminuem a fixação em doces e fazem com que a pessoa volte a sentir saciedade com porções menores.
Entre os antidepressivos que emagrecem, estão:
- Bupropiona;
- Fluoxetina;
- Sertralina (no início do tratamento);
- Venlafaxina;
- Duloxetina (em alguns perfis);
- Desvenlafaxina;
- Escitalopram (em alguns casos e por tempo limitado).
Nem todos respondem da mesma forma, mas esses têm um perfil mais associado à redução de peso.
Vale lembrar que, mesmo entre esses, o efeito pode se inverter com o tempo.
Por isso, não dá para tratar a pergunta “antidepressivo emagrece ou engorda” como algo fixo.
O que funciona para um pode ter o efeito oposto em outro.
Antidepressivos que incham a barriga
Alguns antidepressivos incham a barriga por causar retenção de líquidos, desaceleração digestiva ou aumento do cortisol.
Não tem relação direta com gordura, mas com desconforto e inchaço.
O volume abdominal cresce, as roupas apertam, a barriga fica mais pesada e dolorida. Só que a balança nem sempre sobe.
Isso acontece porque certos antidepressivos alteram o funcionamento do trato gastrointestinal.
Resultado: estufamento, gases, prisão de ventre e sensação constante de barriga cheia.
E mais uma vez aparece a dúvida: antidepressivo emagrece ou engorda?
Porque mesmo sem ganhar gordura, o inchaço passa essa impressão.
O abdômen é a área mais sensível a esse tipo de retenção.
Tem paciente que acorda com a barriga normal e, no fim do dia, parece que engordo. Mas é só líquido e distensão.
Os antidepressivos mais associados ao inchaço abdominal incluem:
- Mirtazapina;
- Paroxetina;
- Amitriptilina;
- Nortriptilina;
- Clomipramina;
- Trazodona;
- Doxepina.
O mesmo antidepressivo que emagrece no início pode causar inchaço meses depois, dependendo do ajuste hormonal e da alimentação.
Por isso, é preciso revisar constantemente o tratamento, porque nem sempre o corpo mantém a mesma resposta.
E se você quer saber se antidepressivo emagrece ou engorda, precisa avaliar o contexto completo, não só a balança.
Agende uma consulta com um nutricionista para fazer essa análise com precisão!

Antidepressivo emagrece ou engorda: como controlar o peso?
O antidepressivo emagrece ou engorda dependendo da classe, do seu corpo e de como você reage ao medicamento.
Mas isso não significa que você precise aceitar mudanças bruscas de peso como inevitáveis.
Controlar o peso durante o tratamento é possível, sim. Basta entender como o remédio interage com seu metabolismo e ajustar hábitos.
Veja o que fazer:
- Acompanhe seu apetite: Se o antidepressivo engorda, provavelmente ele está mexendo com hormônios como a leptina ou a grelina. Anotar o que você come e quando sente fome ajuda a identificar padrões;
- Movimente-se, mesmo que pouco: Caminhadas curtas, alongamentos ou até tarefas domésticas intensas já ajudam a manter o metabolismo ativo;
- Hidrate-se bem: Às vezes, a sensação de fome é sede disfarçada. E como alguns antidepressivos fazem inchar, beber água ajuda a equilibrar os líquidos retidos. Se a fome persistir, aí sim, coma algo leve;
- Converse com seu médico e sobre ajustes: Se o antidepressivo engorda e isso está afetando sua saúde ou autoestima, talvez exista uma alternativa com menos impacto no peso. Nunca mude a dose ou pare o remédio por conta própria, mas não hesite em perguntar ao médico sobre outras opções.
Para quem já tem histórico de ganho de peso com antidepressivos, vale conversar com o médico antes de iniciar o tratamento.
Alguns profissionais ainda não consideram isso como prioridade, mas deveria ser.
Saber se o antidepressivo emagrece ou engorda não é só uma curiosidade estética. Afeta saúde, autoestima, adesão ao tratamento e qualidade de vida.

O que evitar comer durante o uso do medicamento?
Seu prato pode ser um aliado ou um vilão quando o assunto é “antidepressivo emagrece ou engorda”.
Alguns alimentos pioram efeitos colaterais como inchaço, alterações de apetite ou até interferem na eficácia do remédio.
Vamos falar do que é melhor deixar de lado:
- Comida ultraprocessada: Biscoitos, salgadinhos e congelados são cheios de sódio, que pioram a retenção de líquidos — principalmente se o antidepressivo engorda;
- Bebidas alcoólicas: Álcool não só reduz a eficácia de muitos antidepressivos como pode piorar seus efeitos colaterais. Fora que ele é calórico e, em excesso, leva a escolhas alimentares pouco saudáveis;
- Refrigerantes e sucos industrializados: Mesmo as versões “zero” podem enganar seu cérebro, fazendo você sentir mais fome depois. O gás dos refrigerantes ainda contribui para a sensação de estufamento;
- Carnes gordurosas e frituras: Sobrecarregam o fígado, que já está trabalhando para metabolizar o antidepressivo. Isso pode aumentar a concentração do remédio no sangue e intensificar efeitos colaterais;
- Cafeína em excesso: Café, energéticos e até chá preto podem agravar ansiedade e insônia, sintomas que alguns antidepressivos já combatem.
Conclusão
Saber se o antidepressivo emagrece, engorda ou causa inchaço é complexo.
Contudo, o que define o sucesso do tratamento é como você adapta sua rotina para conviver com esses efeitos.
O mais importante é que você não trate o peso como inimigo.
Se o antidepressivo emagrece ou engorda, isso não é falha sua — é uma resposta fisiológica que pode ser gerenciada.
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PERGUNTAS FREQUENTES
O efeito do antidepressivo no peso aparece logo no início do tratamento?
Nem sempre. Em alguns casos, a mudança no peso surge nas primeiras semanas, mas em outros, só depois de meses de uso contínuo.
Por que duas pessoas usando o mesmo antidepressivo podem ter respostas tão diferentes no peso?
Porque o metabolismo, os hormônios e o histórico de saúde de cada pessoa influenciam diretamente no efeito do medicamento. Um mesmo antidepressivo pode reduzir compulsão alimentar em alguém e, em outra pessoa, aumentar o apetite e a retenção de líquidos.
Existe risco de o peso mudar mesmo que a alimentação não se altere?
Sim. Alguns antidepressivos mexem com hormônios como insulina, leptina e cortisol, que podem desacelerar o metabolismo e favorecer o acúmulo de gordura, mesmo sem aumento de calorias na dieta.
É possível prevenir mudanças bruscas de peso antes de começar o antidepressivo?
Sim. Iniciar o tratamento já com acompanhamento nutricional e estratégias para controlar apetite, sono e metabolismo pode reduzir bastante os impactos. Clique aqui e agende sua consulta!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PETIMAR, Joshua; YOUNG, Jessica G.; YU, Han; RIFAS-SHIMAN, Sheryl L.; DALEY, Matthew F.; HEERMAN, William J.; JANICKE, David M. Medication-Induced Weight Change Across Common Antidepressant Treatments: A Target Trial Emulation Study. Original Research, 2024.
MOUAWAD, Michael; NABIPUR, Leena; AGRAWAL, Devendra K. Impact of Antidepressants on Weight Gain: Underlying Mechanisms and Mitigation Strategies. Archives of Clinical and Biomedical Research, 2025.












