A vitamina B12 injetável é a solução para um problema invisível, mas comum: a deficiência desse nutriente no corpo.
No Brasil, 17% das mulheres consomem B12 em níveis abaixo do ideal, enquanto em crianças menores de cinco anos, o índice chega a 14%. Entre idosos com mais de 75 anos, a deficiência passa de 10%.
A falta de vitamina B12 no organismo causa fadiga constante, formigamento nos pés e mãos, lapsos de memória, tontura, irritabilidade e até leva a problemas irreversíveis, como demência.
E quando o corpo para de absorver a vitamina de forma eficiente, os suplementos orais não bastam. É aí que a vitamina B12 injetável entra como único caminho efetivo para corrigir este déficit.
Então, se você quer saber como identificar os sinais de deficiência de vitamina B12 e quando a forma injetável vira uma questão emergencial, prossiga com a leitura deste artigo e tire suas dúvidas!
O que é a vitamina B12 injetável?
A vitamina B12 injetável é uma forma sintética da cobalamina, nutriente essencial para o cérebro funcionar bem, para o sangue circular como deve e para o corpo produzir energia.
Ao contrário dos suplementos orais, a vitamina B12 injetável é aplicada diretamente no músculo para ter uma absorção rápida e maior biodisponibilidade, sem depender do sistema digestivo.
Essa forma é prescrita para quem tem dificuldade em aproveitar a B12 por via oral, como pacientes com anemia perniciosa ou problemas gastrointestinais que afetam a absorção.
Existem dois tipos principais de vitamina B12 injetável:
- Cianocobalamina: A mais usada no dia a dia. O fígado a transforma em metilcobalamina, que é a versão ativa. Ela é estável, barata e funciona bem na maioria dos casos;
- Hidroxocobalamina: Fica mais tempo no corpo e exige menos aplicações. É a melhor escolha quando há comprometimento neurológico ou intoxicação por cianeto.
A vitamina B12 injetável é se faz necessária quando a deficiência é mais séria e a resposta precisa ser rápida para evitar complicações no sistema nervoso ou no sangue.
Apesar disso, a versão oral também funciona muito bem, desde que o corpo consiga absorver a vitamina.
Sintomas de deficiência de vitamina B12
Dietas com pouca ou nenhuma ingestão de alimentos de origem animal tendem a derrubar os níveis de vitamina B12 no corpo.
A falta de vitamina B12 pode passar despercebida por anos, já que os primeiros sinais são sutis.
Quando não tratada, a deficiência evolui para complicações sérias que se manifestam na forma de sintomas neurológicos.
Inicialmente, pessoas com deficiência de vitamina B12 podem apresentar:
- Fadiga extrema e fraqueza muscular, mesmo após repouso;
- Queda de cabelo;
- Palidez na pele e mucosas, devido à redução na produção de hemácias;
- Falta de ar e tonturas, associadas à anemia;
- Língua inchada e avermelhada (glossite), com perda de papilas gustativas;
- Aftas;
- Problemas digestivos, como constipação ou diarreia.
Conforme o quadro se agrava, surgem sintomas neurológicos, como:
- Formigamento nas mãos e pés (neuropatia periférica);
- Dificuldade de equilíbrio e coordenação motora (degeneração subaguda da medula);
- Problemas de memória;
- Confusão mental;
- Depressão;
- Irritabilidade;
- Psicose;
- Em casos graves, demência.
Ao contrário da anemia, que é normalmente revertida com tratamento, os danos nos nervos podem ser permanentes se a deficiência grave persistir por mais de 6 meses.

Quando é necessário repor vitamina B12?
A decisão de usar vitamina B12 injetável leva em conta dois pontos principais: o resultado dos exames de sangue e a origem da deficiência.
O primeiro passo é, portanto, verificar os níveis séricos de B12. Quando estão abaixo de 300 pg/mL, a reposição se faz necessária.
Resultados entre 200 e 300 pg/mL já acendem um alerta, mas, nesse caso, a suplementação oral é suficiente.
Se os exames mostrarem hemoglobina baixa e um VCM (Volume Corpuscular Médio) alto, é sinal de anemia megaloblástica, e aí a aplicação de vitamina B12 injetável também é indicada.
Mas mesmo com a B12 dentro da faixa considerada normal, valores elevados de MMA ou homocisteína indicam que o corpo não está usando o nutriente como deveria, exigindo correção com suplementação.

Para que serve a vitamina B12 injetável?
A vitamina B12 é um tratamento para situações em que o corpo simplesmente não consegue absorver ou obter a quantidade necessária.
E isso não é raro — há cenários em que a aplicação injetável vira prioridade, como:
- Cirurgia bariátrica: Ao reduzir o tamanho do estômago, essa cirurgia corta a produção de ácido clorídrico e do fator intrínseco. Sem eles, a vitamina passa direto pelo intestino e é eliminada;
- Ressecção do íleo: O íleo é a parte final do intestino delgado e o único lugar onde a B12 é absorvida. Se ele é retirado cirurgicamente, será preciso reposição vitalícia com injeções;
- Doença de Crohn e tuberculose intestinal: Essas doenças inflamam e danificam o intestino cronicamente. Quando a parede intestinal não está íntegra, a absorção da B12 simplesmente falha;
- Anemia perniciosa: Aqui o próprio sistema imunológico destrói as células que produzem o fator intrínseco. É um bloqueio total da absorção de B12. A versão injetável entra como única opção eficaz;
- Veganismo estrito: Alimentos de origem vegetal não têm B12. E mesmo com suplementação oral, algumas pessoas têm predisposição genética à má absorção;
- Consumo excessivo de álcool: O álcool agride a mucosa do estômago e do intestino, danificando as estruturas responsáveis por absorver nutrientes. A longo prazo, a deficiência é garantida;
- Infecção por parasitas: Parasitas como a tênia disputam os nutrientes com o corpo — e vencem essa batalha com facilidade. A vitamina B12 acaba indo para o invasor e não para o organismo;
- Gestação: Durante a gravidez, a demanda por vitamina B12 dispara. Quando os níveis estão abaixo de 300 pg/mL, o risco de defeitos no tubo neural do bebê cresce. Nesses casos, a suplementação injetável é segura e indicada.
Qual a dosagem recomendada?
A dosagem de vitamina B12 injetável depende da gravidade da deficiência, da presença de sintomas neurológicos e da causa subjacente.
Conforme as diretrizes clínicas, a reposição é feita da seguinte forma:
Fase inicial (sem sintomas neurológicos):
- Cianocobalamina 1 mL: 3 aplicações por semana, por 2 semanas;
- Hidroxocobalamina 1 mL: Aplicações em dias alternados até alcançar a melhora clínica (geralmente 3 meses).
Após a correção inicial, o paciente passa pela fase de manutenção, onde deve tomar 1 mL de cianocobalamina mensalmente ou 1 mL de hidroxocobalamina a cada 3 meses. Ambos pela via intramuscular.
Com sintomas neurológicos:
- Hidroxicobalamina: 1 mL da vitamina B12 injetável, em dias alternados, até que ocorra melhora dos sintomas (geralmente 3 semanas);
- Cianocobalamina: 1 mL pela via intramuscular por 1 a 5 dias, durante 4 a 6 meses.
Cabe ressaltar que pacientes com anemia perniciosa ou que passaram por cirurgia bariátrica geralmente necessitam de reposição vitalícia.

Como é feita a reposição de vitamina B12?
A aplicação de vitamina B12 injetável é feita por via intramuscular no músculo vasto lateral da coxa, glúteo ou no deltoide (braço).
Esses locais são preferidos por oferecerem menor risco de lesão nervosa ou vascular.
Para aplicar, profissionais de saúde costumam usar agulhas de calibre fino para minimizar a dor.
Para quem tem aversão a agulhas, a hidroxocobalamina é uma opção melhor, já que requer menos aplicações.
Cianocobalamina, Hidroxocobalamina ou Metilcobalamina?
Se você está considerando a vitamina B12 injetável, já deve ter se deparado com três nomes técnicos: cianocobalamina, hidroxocobalamina e metilcobalamina.
A escolha entre elas depende do seu histórico de saúde, da causa da deficiência e até de como seu corpo processa nutrientes.
A cianocobalamina é a forma mais comum e econômica. Ela é sintética e precisa ser convertida no fígado em metilcobalamina, a versão ativa da vitamina.
É usada por ser estável e acessível, mas contém uma molécula de cianeto (em quantidade segura). Por isso, pode não ser ideal para quem tem problemas renais ou sensibilidade a esse componente.
Já a hidroxocobalamina é a preferida em casos de deficiência neurológica grave ou intoxicação por cianeto. Ela permanece mais tempo no organismo, reduzindo a frequência de aplicações.
Além disso, é a única aprovada para emergências médicas envolvendo exposição a cianeto, como em acidentes industriais.
A metilcobalamina, por sua vez, é a forma biologicamente ativa da vitamina B12, ou seja, não precisa de conversão no fígado.
No entanto, é menos estudada em comparação às outras e costuma ser mais cara.
Se o objetivo é tratar uma deficiência comum com custo acessível, a cianocobalamina resolve.
Para quem busca menos aplicações ou tem danos neurológicos, é a hidroxocobalamina.
Já a metilcobalamina é reservada para casos específicos, como erros metabólicos genéticos.
Seu médico ou nutricionista pode ajudar a definir a melhor opção com base em exames e sintomas.

Efeitos colaterais da vitamina B12 injetável
A vitamina B12 injetável é segura para a maioria das pessoas, mas, como qualquer tratamento, pode causar reações.
A mais comum é uma dor leve no local da injeção, que dura alguns minutos.
Os efeitos colaterais da injeção de vitamina B12 também incluem:
- Vermelhidão ou coceira passageira associada à sensibilidade aos conservantes da fórmula, não à vitamina em si;
- Acne ou erupções cutâneas, especialmente em pessoas propensas a desequilíbrios dermatológicos;
- Tontura leve, que pode ocorrer nas primeiras aplicações, mas tende a desaparecer conforme o corpo se adapta.
E, diferente do que se pensa, a vitamina B12 não engorda diretamente. Não há evidências científicas para isso.
O que acontece, na verdade, é que pacientes com deficiência grave recuperam o apetite, podendo comer mais.
Vale destacar que reações alérgicas graves são incomuns. Se você sentir dificuldade para respirar, inchaço no rosto ou urticária após a aplicação, busque atendimento médico imediatamente.
Esses sinais indicam alergia a componentes da fórmula, como o benzálcool, usado como conservante em algumas ampolas.
E se você passou a urinar vermelho após aplicar a vitamina B12 injetável, não se preocupe!
É apenas o seu organismo eliminando o que não foi absorvido, e isso pode ser normalizado em até 48 horas.
Contraindicações
Existem situações em que o uso de vitamina B12 injetável requer cautela ou deve ser evitado, como:
- Doença de Leber: Condição genética rara que causa atrofia do nervo óptico. Nesses casos, a suplementação pode acelerar a perda de visão;
- Pacientes com policitemia vera: Distúrbio que aumenta a produção de glóbulos vermelhos, também devem evitar doses altas. A vitamina B12 estimula a síntese de hemácias, o que pode agravar o problema;
- Pessoas com hipocalemia (baixos níveis de potássio): A administração de B12 injetável em quem tem hipocalemia pode piorar o quadro;
- Pacientes em tratamento contra o câncer: Devem consultar um oncologista antes de iniciar a reposição, pois alguns quimioterápicos podem interagir com a vitamina.

Cuidados necessários ao fazer reposição de vitamina B12 injetável
Um dos pontos de maior atenção é avaliar a possível deficiência simultânea de ácido fólico.
Se ambos os nutrientes estiverem baixos, a vitamina B12 injetável deve ser reposta antes do ácido fólico.
Isso porque a suplementação isolada de folato pode mascarar a anemia megaloblástica causada pela falta de B12, agravando sintomas neurológicos sem resolver a causa raiz.
Em situações onde a dosagem de B12 não está disponível, mas há deficiência confirmada de ácido fólico, a reposição de vitamina B12 injetável é indicada para prevenir complicações irreversíveis.
Para quem autoadministra a vitamina B12 injetável, a rotação dos locais de aplicação é importante. Aplicar repetidamente no mesmo músculo pode levar a fibrose ou nódulos, dificultando a absorção.
Por último, evite suplementos de potássio sem orientação médica durante o tratamento: a correção rápida da anemia pode reduzir os níveis de potássio no sangue, aumentando o risco de arritmias.
Precisa de prescrição para tomar a vitamina B12 injetável?
Sim, a vitamina B12 injetável é um medicamento de uso controlado e exige prescrição médica para ser obtido.
Isso porque a automedicação com vitamina B12 injetável pode levar a erros graves.
Por exemplo, doses excessivas podem desencadear acne resistente ou mascarar deficiências de outros nutrientes, como ferro ou folato.
No Brasil, a compra de vitamina B12 injetável sem receita é proibida pela Anvisa.
Quanto tempo a B12 injetável leva para fazer efeito?
A redução dos sintomas hematológicos, como fadiga e palidez, pode ser percebida em 3 a 7 dias, com normalização da hemoglobina sendo alcançada entre 4 a 8 semanas.
Já os sintomas neurológicos, como formigamento nas extremidades (parestesias), podem piorar nas primeiras semanas de tratamento — um fenômeno temporário ligado à regeneração nervosa.
A melhora real costuma surgir após 6 semanas, mas a recuperação total pode levar de 6 meses a 1 ano.
Em casos de distúrbios neurológicos prolongados (como demência ou perda de memória), alguns déficits serão irreversíveis, mesmo que os níveis de vitamina B12 estejam normais.
Portanto, pacientes com sintomas cognitivos devem manter expectativas realistas: a vitamina B12 injetável interrompe a progressão dos danos, mas nem sempre corrige lesões estabelecidas.
Veganos e vegetarianos estritos precisam manter a suplementação de forma contínua, já que a vitamina está presente apenas em alimentos de origem animal.
Em situações reversíveis — como o uso prolongado de antiácidos, infecção por H. pylori ou consumo exagerado de álcool —, a suplementação costuma ser temporária, apenas até a causa ser tratada.
Existem, no entanto, condições em que a reposição precisa ser vitalícia, como:
- Doenças intestinais crônicas, como Crohn ou tuberculose intestinal, que danificam o íleo (onde a B12 é absorvida);
- Uso prolongado de certos medicamentos, como metformina (para diabetes), que atrapalham a absorção;
- Supercrescimento bacteriano crônico no intestino delgado, que faz com que as bactérias consumam a vitamina B12 antes do corpo conseguir aproveitá-la.

Quantas doses de vitamina B12 injetável resolve a deficiência nutricional?
Em casos leves, 6 a 8 doses por 2 semanas podem ser suficientes para normalizar os níveis.
Já em deficiências graves com sintomas neurológicos, o protocolo inicial inclui 14 a 21 doses em 2 a 3 semanas, seguidas de manutenção mensal ou trimestral por até 1 ano.
Se após 3 meses de tratamento os níveis de B12 não subirem ou os sintomas persistirem, será necessário investigar outras causas, como má absorção intestinal ou erros na técnica de aplicação.
Conclusão
Se você se identificou com algum sintoma de deficiência de vitamina B12 ou pertence a um grupo de risco, não hesite em procurar um hematologista ou nutricionista.
Um simples exame de sangue pode prevenir complicações que, uma vez instaladas, são difíceis de reverter.
E se já usa a vitamina B12 injetável, agende uma consulta com um nutricionista para verificar a necessidade de ajustes!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANVISA. Cronobê (cobalamina cronoativa – complexo de vitamina B12) Solução injetável de 5.000 mcg. 2021.
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