Os riscos da dieta low carb costumam ser ignorados ou minimizados em meio ao hype do emagrecimento rápido.
Mas será que cortar pão, arroz, frutas e até legumes é tão inofensivo quanto parece?
Ou estamos caindo em mais uma armadilha de curto prazo que cobra um preço alto lá na frente?
Se você acha que a única coisa que a low carb corta é o açúcar, prepare-se para rever alguns conceitos.
O que é a dieta low carb e quais os riscos?
Se você já ouviu falar em dieta low carb, sabe que ela gira em torno de uma ideia simples: cortar boa parte dos carboidratos do cardápio.
A proposta é reorganizar a alimentação para que proteínas e gorduras se tornem as principais fontes de energia.
O objetivo é colocar o corpo em cetose, um estado em que ele queima gordura em vez de glicose para funcionar.
Apesar da popularidade, os riscos da dieta low carb começam justamente na forma como esse processo é conduzido.
Cortar carboidratos de maneira abrupta pode desencadear efeitos colaterais como fadiga, tontura e até alterações de humor — sintomas conhecidos como “gripe low carb”.
Outro ponto que muita gente ignora é que carboidratos não são vilões universais.
Eles estão presentes em alimentos ricos em fibras, vitaminas e antioxidantes, como frutas e grãos integrais.
Ao restringi-los demais, você pode acabar com deficiências nutricionais ou problemas digestivos, já que a falta de fibras afeta o intestino.
Como fazer a dieta low carb?
Se você decidiu experimentar a low carb, tudo começa com a definição de quantos carboidratos consumir por dia.
Dependendo do método (keto, paleo, low carb moderada), essa meta varia entre 20g e 100g.
Mas atenção: não basta apenas subtrair números.
A qualidade do que você come importa tanto quanto a quantidade.
Trocar carboidratos refinados por opções integrais e vegetais é mais inteligente do que apostar em produtos industrializados “low carb” que escondem aditivos químicos.
Com a redução de carboidratos, o corpo tende a eliminar mais líquidos e eletrólitos, como sódio e potássio.
Por isso, é comum sentir câimbras ou dor de cabeça nos primeiros dias.
Se os sintomas persistirem, pode ser um sinal de que a dieta low carb precisa ser ajustada.

Benefícios e riscos da dieta low carb
Algumas pessoas relatam que a redução de carboidratos pode ajudar na sensação de saciedade, mas os efeitos variam.
Ao diminuir os carboidratos, os picos de insulina são menores, o que pode ser vantajoso para quem tem resistência à insulina ou pré-diabetes.
No entanto, se a pessoa já usa medicamentos para diabetes, a redução drástica de carboidratos pode levar a hipoglicemias perigosas.
Apesar dos benefícios, é preciso falar sobre o que a dieta low carb causa a longo prazo.
Restrições muito severas podem levar à falta de nutrientes como vitaminas do complexo B e antioxidantes (presentes em frutas).
Dietas muito restritivas costumam falhar porque são difíceis de manter.
Contudo, os riscos da dieta low carb diminuem quando ela deixa de ser uma “regra” e se torna uma ferramenta ajustável.

Quantos dias leva para o corpo entrar em cetose com a low carb?
A resposta varia, mas em média, leva de 2 a 4 dias após reduzir drasticamente os carboidratos.
Para algumas pessoas, pode demorar até uma semana.
O tempo depende do metabolismo, nível de atividade física e até a composição da microbiota intestinal.
Se você já segue uma dieta com poucos carboidratos, a adaptação tende a ser mais rápida.
Quem está saindo de uma alimentação rica em açúcares e massas, por outro lado, pode sentir os efeitos da transição de forma mais intensa.
Para saber se você está em cetose, existem métodos como fitas de urina ou medidores de cetonas no sangue.
Mas atenção: esses testes não são 100% confiáveis.
Sinais físicos, como hálito levemente adocicado (causado por cetonas) ou redução do apetite, são indicadores.
Apesar da empolgação em atingir a cetose rápido, é importante lembrar que esse estado não é eterno.
Uma refeição rica em carboidratos, estresse, ingestão excessiva de proteínas e até uma noite mal dormida pode interrompê-la em horas.

Quais os riscos da cetose para o corpo?
A cetose é um estado de sobrevivência do corpo, mas isso não significa que seja livre de efeitos colaterais.
No início, é comum perder peso rapidamente, principalmente água, já que o corpo elimina líquidos retidos com a queima do glicogênio.
A longo prazo, a cetose pode melhorar a sensibilidade à insulina, o que é positivo para quem tem resistência a esse hormônio.
Por outro lado, o que a dieta low carb causa em algumas pessoas é uma queda indesejada no desempenho físico.
Atividades como corridas curtas ou musculação, podem ser prejudicadas, já que o corpo prioriza gordura como combustível — um processo mais lento que a queima de glicose.
Atletas que aderem à dieta muitas vezes precisam ajustar a ingestão de carboidratos em dias de treino intenso.

Riscos da dieta low carb
Antes de listar os problemas específicos, cabe entender que a dieta low carb não é inerentemente ruim — mas como qualquer estratégia alimentar, depende de como e para quem ela é aplicada.
Muitos dos riscos associados surgem quando a dieta é feita sem adaptação à rotina, histórico de saúde ou preferências pessoais.
Por isso, é extremamente importante fazer acompanhamento profissional enquanto segue esta dieta.
Dito isto, veja alguns efeitos colaterais comuns da dieta low carb:
1. O efeito sanfona
Imagine perder 5 kg em duas semanas e ganhar 6 kg no mês seguinte: esse é um dos cenários mais comuns de quem faz low carb.
Acontece que o corpo não gosta de privação, ainda mais se tratando do seu principal combustível.
A cortar carboidratos de forma abrupta, você perde líquido e massa muscular rapidamente.
Quando volta a comer “normalmente”, o organismo, desconfiado, estoca mais energia em forma de gordura, se preparando para uma nova escassez.
2. Fadiga e falta de energia
Nos primeiros dias da low carb, é normal sentir uma queda de energia.
Afinal, o corpo está aprendendo a usar gordura como combustível.
O problema é quando a fadiga persiste além da fase de adaptação (geralmente 2-3 semanas).
Se você está há um mês se arrastando para subir escadas, algo está errado.
E um dos motivos é a falta de gordura na dieta.
Sim, parece contraditório, mas tem gente que reduz carboidratos e foge de azeite, abacate ou castanhas, com medo de calorias.
Sem gordura suficiente, o corpo fica sem energia para queimar.
Outra causa da fadiga é a desidratação.
A low carb tem um possível efeito diurético, então é fácil perder sódio e potássio sem perceber.
Sintomas como tontura ao levantar rápido ou câimbras noturnas são clássicos nesta dieta.

3. Mau hálito
O famoso “hálito cetótico” é um dos efeitos mais embaraçosos da low carb.
Ele surge porque o corpo está produzindo acetona (um tipo de cetona), que é liberada pela respiração.
O cheiro lembra fruta passada ou até removedor de esmalte.
E não adianta escovar os dentes 10 vezes ao dia: a fonte do odor está no seu intestino, não na higiene bucal.
Algumas pessoas notam o mau hálito só nos primeiros dias; outras convivem com ele por semanas.
Para minimizar, hidrate-se bem — água ajuda a diluir as cetonas na saliva.
Curiosamente, o mau hálito pode indicar que a dieta está pobre em vegetais.
Ou seja, é mais um motivo para buscar acompanhamento profissional e ajustar sua alimentação da forma correta.
4. Alterações de humor
Quem nunca ficou irritado com fome? Na low carb, isso pode acontecer mesmo sem fome física.
A explicação está na serotonina, neurotransmissor que regula o humor — e que depende de carboidratos para ser produzida.
Ao cortá-los drasticamente, algumas pessoas podem ficar mais ansiosas ou com variações de humor imprevisíveis.
5. Riscos de deficiência de nutrientes com a low carb
Cortar carboidratos não significa só eliminar açúcar e pão branco.
Muitos alimentos restritos na low carb são fontes importantes de vitaminas e minerais. Por exemplo:
- Frutas: fornecem vitamina C e antioxidantes;
- Grãos integrais: ricos em vitaminas do complexo B;
- Legumes ricos em amido (como batata): oferecem potássio.
Sem acompanhamento profissional, é fácil desenvolver deficiências.
A falta de vitamina C, por exemplo, pode enfraquecer a imunidade.
Já a carência de fibras prejudica o intestino e aumenta o risco de inflamação.
A solução não é encher o prato de suplementos, mas diversificar os vegetais low carb.
Brócolis, couve-flor, pimentão e folhas verde-escuras são ricos em nutrientes e pobres em carboidratos.
Para as fibras, chia e linhaça são aliadas — uma colher de sopa por dia já faz diferença.

Quando a dieta low carb é indicada?
A low carb pode ser recomendada para quem tem resistência à insulina ou pré-diabetes, já que a redução de carboidratos pode ajudar a controlar picos glicêmicos.
Mas atenção! Nem todo mundo deve adotar essa estratégia, especialmente por conta própria.
Os perigos da dieta low carb são reais para pessoas com distúrbios alimentares prévios, pois a restrição pode agravar compulsões.
Quem tem problemas renais ou hepáticas também deve evitá-la, assim como gestantes e lactantes — grupos com necessidades nutricionais que a low carb pode não suprir.
Como prevenir os riscos da dieta low carb
Se você está pensando em tentar a low carb, pare um minuto antes de limpar a despensa.
Primeiro, clique aqui e marque uma consulta com um nutricionista.
Essa dieta não é só sobre cortar pão e macarrão — envolve ajustar proteínas, gorduras e até vitaminas que você nem sabia que existiam.
Depois, aprenda a ler rótulos. Produtos “low carb” industrializados são uma armadilha.
Aquele biscoito sem açúcar pode ter mais aditivos que um pacote de salgadinho.
Fuja de ingredientes com nomes que parecem fórmula química.
Prefira fazer suas próprias versões em casa: um mix de castanhas, palitinhos de pepino com homus ou ovos cozidos temperados com páprica.
Comer bacon e queijo cheddar no café, almoço e jantar não é saudável, mesmo que os carboidratos estejam zerados.
Conclusão
Dietas são variadas: o que funciona para seu amigo pode ser um desastre para você.
A low carb tem seus fãs, mas também tem uma lista de ex-fãs que descobriram da pior forma os riscos da dieta low carb.
Portanto, clique aqui e agende uma consulta com um nutricionista para te orientar na mudança da sua dieta de forma correta!
REFERÊNCIAS
1. NORDMANN, A. J.; NORDMANN, A.; BRIEL, M.; KELLER, U.; YANCY, W. S.; BREHM, B. J.; BUCHER, H. C. Effects of low-carbohydrate vs low-fat diets on weight loss and cardiovascular risk factors: a meta-analysis of randomized controlled trials. Archives of Internal Medicine, v. 166, n. 3, p. 285-293, 13 fev. 2006.
. Acesso em: 20 ago. 2025.
2. BUENO, N. B.; DE MELO, I. S.; DE OLIVEIRA, S. L.; DA ROCHA ATAIDE, T. Very-low-carbohydrate ketogenic diet v. low-fat diet for long-term weight loss: a meta-analysis of randomised controlled trials. British Journal of Nutrition, out. 2013.












