A retenção de líquidos é um dos motivos mais comuns para oscilações rápidas no peso, mas poucas pessoas sabem como lidar com ela.
O acúmulo de fluidos acontece por motivos variados, e entender por que surge é importante para quem busca intervenções efetivas.
Então, a seguir, você descobrirá como esse processo acontece e quais estratégias ajudam a controlar a retenção de líquidos com segurança.
O que é retenção de líquidos?
A retenção de líquidos ocorre quando o organismo deixa de movimentar corretamente a água entre o sangue, os tecidos e o sistema linfático.
Normalmente, esse movimento é regulado por gradientes de pressão, hormônios como aldosterona e vasopressina, e concentrações de sódio e potássio.
Essa combinação mantém o volume adequado de fluidos dentro dos vasos e evita acúmulos nos tecidos periféricos.
Quando algum desses mecanismos falha, o fluido passa a ficar preso em regiões como tornozelos, mãos, abdômen e rosto.
A regulação de fluidos depende tanto da circulação sanguínea quanto da eficiência renal.
Os rins filtram o plasma, ajustam o volume de água que será excretado e determinam quanto sódio permanece no corpo.
Pequenas variações na ingestão desse mineral podem alterar a distribuição hídrica.
Se as veias não conseguem impulsionar o sangue de forma adequada, a pressão nas extremidades aumenta.
Há ainda diferenças entre retenção de líquidos localizada e sistêmica.
A localizada geralmente se concentra em tornozelos, pés ou mãos, sendo comum após horas sentado ou em pé.
Já a sistêmica aparece de maneira difusa, envolvendo abdômen, membros e às vezes face, indicando influência hormonal, alterações renais ou alimentação desregulada.

Principais sintomas da retenção de líquidos
O corpo manifesta a retenção de líquidos de maneiras diferentes, dependendo do estilo de vida, da alimentação e das condições individuais.
Contudo, os sintomas de retenção de líquidos mais comuns incluem:
- Inchaço perceptível nas pernas, tornozelos ou mãos: Surge geralmente no fim do dia. A área fica mais volumosa e sensível ao toque;
- Sensação de peso corporal: O excesso de fluido aumenta a pressão sobre músculos e articulações, criando desconforto mesmo sem aumento de gordura;
- Marcas de roupas e acessórios na pele: Cinturas, meias e anéis deixam sulcos mais marcados quando há retenção porque a pele está mais distendida;
- Diminuição da urina ao longo do dia: O corpo pode estar retendo parte do fluido em vez de eliminá-lo adequadamente;
- Rigidez ou aparência brilhante da pele: Quando o líquido se acumula no tecido subcutâneo, a pele perde elasticidade e parece mais tensionada.
Diferença entre inchaço por retenção e inflamação
O inchaço por retenção de líquidos aparece de forma gradual, concentrando-se em regiões em que o fluxo sanguíneo depende de movimento, como pernas e tornozelos.
Em muitos casos, intensifica-se ao longo do dia e melhora após repouso com elevação das pernas ou após uma noite de sono.
Já a inflamação envolve alterações celulares, rubor, dor local e maior sensibilidade.
O edema inflamatório costuma ser quente, dolorido e relacionado a algum processo específico, como lesões, alergias ou infecções.
Causas comuns da retenção de líquidos
A retenção de líquidos pode surgir por vários motivos que muitas vezes se somam.
Uma pessoa pode ter um estilo de vida que favorece o quadro e, ao mesmo tempo, enfrentar condições hormonais ou ambientais que intensificam a retenção.
Portanto, é preciso identificar as causas da retenção de líquidos para que o tratamento seja direcionado:
- Alimentação rica em sódio e ultraprocessados: Elevam a concentração de sódio no sangue. O corpo retém água para equilibrar essa alta carga, aumentando o volume de fluidos no tecido;
- Baixa ingestão de água: Quando a hidratação é insuficiente, o organismo tende a preservar água. Essa resposta adaptativa causa retenção;
- Longos períodos sentado ou em pé: A circulação depende do movimento. Ficar horas sem mudar de posição diminui o retorno venoso e favorece o acúmulo de líquidos nas pernas;
- Calor excessivo: Temperaturas altas dilatam os vasos sanguíneos, o que facilita a passagem de fluido para os tecidos e aumenta a sensação de inchaço;
- Sedentarismo: A atividade muscular estimula a circulação e o retorno venoso. Quando há pouco movimento, o líquido tende a se acumular;
- Uso de certos medicamentos: corticoides, anti-inflamatórios e alguns anticoncepcionais interferem no balanço de sódio, potássio e hormônios reguladores de fluidos;
- Alterações circulatórias: Problemas no sistema venoso dificultam o retorno do sangue e favorecem o edema em membros inferiores;
- Excesso de carboidratos refinados: Alimentos ricos em açúcar e farinhas brancas estimulam picos de insulina, que aumentam a retenção de sódio e água;
- Estresse e cortisol: O cortisol em níveis elevados altera a regulação hídrica, aumenta a retenção de sódio e interfere na eliminação adequada dos fluidos.

Causas hormonais da retenção de líquidos
As variações hormonais são fatores frequentes na retenção e respondem a oscilações naturais com mudanças no equilíbrio hídrico.
Essas respostas são comuns e variam de acordo com idade, fase do ciclo e histórico individual.
- Ciclo menstrual: Durante a fase lútea, o corpo tende a reter mais água devido à modulação hormonal que afeta o sódio e o equilíbrio entre estrogênio e progesterona;
- TPM: Alterações emocionais e metabólicas da TPM contribuem para inchaço, já que aumentam a sensibilidade à insulina e ao sódio;
- Estrogênio e progesterona: O estrogênio, quando elevado, favorece o acúmulo de fluidos. A progesterona, em excesso ou deficiência, também pode alterar a eliminação de sódio, influenciando o quadro;
- Alterações após suspensão de anticoncepcional: A retirada do hormônio exógeno provoca ajustes naturais que podem temporariamente desregular a retenção até que o ciclo se estabilize;
- Retenção na menopausa: Com a queda do estrogênio e mudanças metabólicas típicas dessa fase, muitas mulheres experimentam maior inchaço, especialmente associado à desaceleração circulatória e ao aumento da resistência à insulina.

Quando a retenção indica um problema de saúde?
A retenção aguda aparece de forma pontual, muitas vezes associada a calor, ingestão de sódio ou fase menstrual.
Ela tende a regredir com ajustes simples.
Já a retenção recorrente sugere que há fatores persistentes influenciando o quadro.
Quando o inchaço é contínuo, aumenta rapidamente ou surge acompanhado de sintomas sistêmicos, é importante investigar.
Alguns sinais de alerta incluem dificuldade respiratória, inchaço apenas em um membro, dor intensa, pele muito quente ou descamação.
Condições como hipotireoidismo podem reduzir o metabolismo e aumentar o acúmulo de fluidos.
Por outro lado, a insuficiência cardíaca interfere no retorno venoso e no volume circulatório.
Já o linfedema envolve falha no sistema linfático e apresenta um tipo de inchaço mais firme e persistente.
Em qualquer um desses casos, a avaliação médica é imprescindível.
Diagnóstico e exames
A avaliação da retenção de líquidos começa com a investigação de hábitos, ingestão hídrica, rotina de trabalho, alimentação, uso de medicamentos e histórico menstrual.
O exame físico considera regiões afetadas, comportamento do edema ao longo do dia e sinais associados que indiquem origem circulatória, renal ou hormonal.
Dependendo do quadro, exames complementares podem ser solicitados, como:
- Hemograma;
- Exames de função renal;
- Eletrólitos;
- TSH e T4 livre;
- Exames para verificar marcadores inflamatórios.
Em casos com alteração circulatória, doppler venoso auxilia na investigação.
O diagnóstico correto depende de contexto, evolução dos sintomas e análise cuidadosa feita por um profissional da saúde.
Isso evita interpretações precipitadas e direciona estratégias realmente eficazes.

O que fazer para diminuir retenção de líquidos rapidamente
Após identificar a origem da retenção de líquidos, algumas ações imediatas podem ajudar a aliviar o inchaço de forma segura e complementar aos tratamentos de longo prazo.
Entre as medidas de tratamento para retenção de líquidos, estão:
- Aumentar a hidratação: Beber água ao longo do dia estimula o funcionamento renal, favorece a eliminação de sódio acumulado e reduz a resposta do corpo de reter ainda mais líquidos;
- Praticar exercícios leves: Caminhadas breves, exercícios de mobilidade e alongamentos ativam a circulação venosa e linfática, ajudando diminuir o acúmulo de líquidos nas pernas, tornozelos e pés;
- Consumir alimentos ricos em potássio: Frutas, vegetais e leguminosas ajudam a equilibrar os níveis de sódio e facilitam a eliminação de líquidos. Boas fontes incluem banana, abacate, melão, água-de-coco, espinafre, batata, tomate, feijão e lentilha;
- Reduzir temporariamente o sódio: Diminuir a ingestão de alimentos industrializados, temperos prontos e preparações muito salgadas reduz a retenção em poucas horas.
Essas ações funcionam como medidas de curto prazo que oferecem alívio inicial.
No entanto, elas não substituem os ajustes de rotina e os tratamentos contínuos necessários para manter o corpo equilibrado ao longo das semanas.
Estratégias de longo prazo
Os tratamentos para retenção de líquidos dependem de constância.
Não basta apenas aliviar o inchaço em momentos críticos, é preciso adotar hábitos que sustentem bons níveis de hidratação, circulação e equilíbrio eletrolítico ao longo das semanas.
Com ajustes graduais, a rotina passa a trabalhar a seu favor, fortalecendo o sistema linfático e reduzindo fatores desencadeantes.
As práticas abaixo tornam a prevenção mais fácil e ajudam o organismo a responder melhor à retenção de líquidos:
- Rotina alimentar equilibrada: Uma base alimentar rica em vegetais, frutas, proteínas de qualidade e fibras mantém o equilíbrio hídrico;
- Prática regular de exercícios: A musculatura ativa favorece a circulação, melhora o retorno venoso e reduz a retenção recorrente;
- Sono e gestão do estresse: Dormir bem regula os hormônios e reduz o cortisol, influenciando de forma positiva o equilíbrio de fluidos.
Um acompanhamento nutricional especializado permite ajustar todos esses fatores e criar estratégias personalizadas de longo prazo.
Suplementos e recursos usados com frequência
Quando o inchaço aparece, é comum pensar em suplementos como solução rápida.
Eles até podem ajudar a controlar os sintomas de retenção de líquidos, mas não fazem milagre, e não substituem hábitos que realmente mantêm o corpo em equilíbrio.
Entre os mais populares estão os diuréticos naturais, o magnésio, o potássio e algumas ervas que estimulam a eliminação de líquidos.
Funcionam? Em alguns casos, sim.
Mas, usados sem critério, podem desregular eletrólitos e até esconder sinais de que algo não vai bem.
Por isso, antes de acrescentar qualquer coisa, vale conversar com um nutricionista que saiba avaliar o contexto e indicar o que faz sentido para você.
Alimentação e hábitos que pioram a retenção de líquidos
A forma como você come pesa muito na retenção de líquidos.
Quando o consumo de sódio, carboidratos muito processados e industrializados passa do limite, o corpo perde o equilíbrio de água e acaba pedindo mais líquido para compensar.
Mas não é só a alimentação inadequada que atrapalha o balanço hídrico do corpo. A rotina também conta.
Ficar horas sentado, usar roupas apertadas, não levantar para dar uma volta e dormir mal comprometem a circulação e deixam o acúmulo de líquidos mais evidente.
O álcool piora ainda mais o quadro, porque interfere nos hormônios que regulam a diurese.
Somado a isso, beber pouca água durante o dia ou ter horários caóticos para comer cria o ambiente perfeito para o corpo reter ainda mais.
Prevenção no dia a dia
A prevenção dos sintomas de retenção de líquidos não depende de grandes mudanças, e sim de cuidados que evitam que o corpo acumule mais líquido do que precisa:
- Manter hidratação adequada: Ter uma garrafa por perto, usar lembretes no celular e ajustar a ingestão conforme o clima ou o treino ajudam a manter tudo em equilíbrio;
- Fazer pausas para movimentar pernas e pés: Quem passa horas sentado acaba concentrando líquido nas pernas. Parar por alguns minutos a cada 60–90 minutos, levantar, andar um pouco ou fazer movimentos de panturrilha e tornozelo já melhora o retorno venoso;
- Evitar roupas muito apertadas: Roupas que comprimem cintura, virilha ou parte inferior das pernas atrapalham o fluxo sanguíneo. Opte por peças mais confortáveis ou tecidos mais leves;
- Ajustar a alimentação em dias muito quentes: O calor por si só já faz o corpo reter mais líquido. Nessas épocas, vale priorizar alimentos ricos em água, como melancia, cítricos, pepino e abobrinha;
- Cuidar da rotina em viagens longas: Mexer os pés e panturrilhas, levantar quando possível, usar meias de compressão e beber água regularmente ajudam a evitar aquele edema comum pós-viagem;
- Observar o ciclo menstrual e ajustar a rotina: Em algumas fases do ciclo, especialmente na TPM, é normal reter mais líquido. Nessas semanas, aumente a hidratação, reforce alimentos ricos em potássio e diminua o sal.
Quando procurar ajuda especializada?
Quando o inchaço não melhora, aparece de repente, dói, limita seus movimentos, surge só em uma perna ou causa cansaço extremo e falta de ar, é hora de procurar ajuda profissional.
Um nutricionista qualificado consegue identificar padrões, ajustar a alimentação com precisão e diferenciar um inchaço “comum” daquele que merece investigação médica.
Isso evita tentativas aleatórias, economiza tempo e te coloca no caminho certo para a recuperação mais rápida.
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Conclusão
A retenção de líquidos é um fenômeno multifatorial, influenciado pela alimentação, hormônios, circulação e hábitos diários.
Mesmo quando causa desconforto, pode ser controlado com estratégias consistentes que combinam ajustes alimentares, manejo do estresse, hidratação adequada e rotina ativa.
Quando o acompanhamento é feito por um nutricionista, o processo se torna mais claro, preciso e direcionado.
PERGUNTAS FREQUENTES
Retenção de líquidos pode surgir mesmo com alimentação saudável?
Sim. Alimentação equilibrada ajuda, mas não impede totalmente. Hormônios, estresse, variações de temperatura, postura prolongada, ciclo menstrual, medicamentos e genética podem causar retenção mesmo em quem come bem.
É possível ter retenção apenas em um lado do corpo?
É possível, mas não é o padrão. Quando o inchaço aparece só em um braço ou perna, costuma indicar algo mais específico, como sobrecarga mecânica, circulação prejudicada, inflamação localizada ou até um pós-treino intenso.
Exercícios de força aumentam ou reduzem o inchaço?
Depende do contexto. A musculação melhora a circulação e reduz a retenção no longo prazo, mas um treino pesado pode gerar microlesões musculares e inflamação temporária, deixando a região mais inchada por 24–48h.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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